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Cirurgia do câncer de pele - Utilidade dos retalhos cutâneos

No final de uma cirurgia para tratamento de câncer de pele, o cirurgião se depara com o desafio de lidar com uma ferida que obviamente deixará uma cicatriz no local.


A cicatriz ideal seria aquela que fica praticamente indetectável, com a mesma coloração e textura da pele adjacente, de preferência mantendo-se no mesmo nível da pele (nem elevada e nem deprimida). Porém, nem sempre é possível atingir esse ideal, pois existem elementos diversos que podem influenciar na cicatrização e na escolha da melhor forma de abordar a ferida cirúrgica.


Dependendo do tamanho da ferida, sua localização, vetores de força elástica da pele, entre outros, pode não ser possível simplesmente fecharmos a pele diretamente de um lado para o outro. Quando a ferida é grande e/ou está localizada em áreas próximas de estruturas importantes para a simetria do rosto, a tarefa do fechamento fica mais complexa.


Imagine uma retração provocada pelo fechamento de uma ferida, atuando como um anzol tracionando o lábio para o lado, ou a pálpebra para baixo, ou uma sobrancelha para cima.


Em determinadas situações como essas, é muito comum o uso dos retalhos cutâneos. Os retalhos são segmentos de pele que são mobilizados através de novas incisões (cortes cirúrgicos) e que são movidos na direção da ferida cirúrgica com objetivo de fechá-la com o mínimo de impacto sobre as estruturas nobres da região.


Figura 1- Exemplo de ferida cirúrgica pequena, porém em local onde o fechamento direto provocaria distorção da narina, causando assimetria. Com o uso de um retalho, a cirurgia ficou "maior", mas com ótimo resultado estético e sem causar distorção do nariz.

Existem inúmeros tipos e variações de retalhos, e uma de suas vantagens é promover um fechamento da ferida de uma forma mais suave e mais natural, porém às custas de cirurgias maiores e com maior número de pontos de sutura. Nesse caso, dizemos que "o mais é menos", pois a ferida fica "maior" do que o esperado, mas ao final do processo de cicatrização a cicatriz tende a ficar mais próxima do ideal, sendo mais estética e funcional.


O uso de enxertos cutâneos (pele removida de outro local e implantada sobre a ferida cirúrgica) também é possível, mas geralmente o local enxertado não costuma apresentar as mesmas características de cor, textura, espessura e nivelamento, com potencial de apresentarem resultado estético pior do que o alcançado com os retalhos.


De qualquer forma, independente da modalidade optada para o fechamento da ferida cirúrgica, ainda dependemos de outros fatores que podem influenciar na cicatrização final, como por exemplo: ocorrência de possíveis complicações (como hematomas, infecções, necrose dos tecidos), tendência do paciente em ter cicatrização ruim (como ocorrência de queloides), tabagismo (fumo pode prejudicar a cicatrização), situações patológicas (como insuficiência vascular, diabetes, desnutrição), entre outras. Também é importante que o paciente mantenha contato com o cirurgião e siga as suas recomendações para aumentar as chances de atingir uma boa cicatrização.



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